por Mónica Mirpuri Matias


Quando surgiu a ideia - ou esboço ideológico, se assim for preferível - deste projeto ao qual designámos prontamente de Eureka - a meu ver pela súbita aceitação do mesmo como uma "boa ideia" -, no meio de uma das muitas conversas com Emanuel Dimas de Melo Pimenta, conversas essas nas quais absorvo sofregamente cada palavra pela sua inabalável veracidade, estava ainda longe de consubstanciar em mim a vontade de constituir uma editora. Este projeto surgiu mais tarde, provavelmente um par de anos mais tarde, o mesmo tempo que se terá passado entre a publicação do meu primeiro romance e o momento atual. Por que tanto tempo? Poderia responder algo como: Porque as "boas ideias" necessitam de maturação. Mas na verdade não era apenas esta "boa ideia" que necessitava maturação, mas também eu, também a minha escrita. Uma vez dado o primeiro passo naquele universo que para mim era irrefutavelmente superior, quase sagrado - o da escrita - senti-me na obrigação de o repensar de forma a evitar mancha-lo com insuficiência.

A ideia de uma editora foi-se desenvolvendo ao ritmo da escrita. Necessitei conhecer antes de escrever e ao escrever fui conhecendo. Desta forma cíclica foi-se dando a inesperada "maturação" do projeto editorial, o que me levou a aceitar a oportunidade de constituição do mesmo. Surge assim a Transversal Editores e com ela a vontade de reavivar o Eureka.
O Eureka vai precisamente em direção ao que, ao pensar a Transversal, me propus a empreender. A Transversal Editores, inclui na sua designação parte essencial da sua premissa, pretendendo sustentar-se precisamente na transversalidade cultural. A transversalidade cultural à qual aspiro com este projeto trata-se da possibilidade de transmissão de pensamentos que, numa linha horizontal, trespassem demográfica e intelectualmente diversas culturas em diferentes momentos históricos. Ou seja, a democratização de pensamentos aglomerados numa mesma linha ou frequência que transponha a apropriação individual dos mesmos com vista a sua ampliação coletiva. Pretende-se assim, a divulgação de projetos que, baseando-se na escrita e tendo-a como suporte do seu pensamento, que a ultrapasse na transmissão das suas ideias através da ação concreta.

Tudo começa com a colaboração de Emanuel Dimas de Melo Pimenta a quem o meu agradecimento deverá ecoar pelo espaço e o tempo. Emanuel foi quem articulou habilmente este projeto na sua transversalidade. Este projeto não se prende numa única época, nem num único autor, nem num exclusivo campo das artes, nem numa única nacionalidade, nem num só espaço de divulgação.

Sob esta forma da colaboração "transversal", surge assim, aquele que esperamos vir a ser o primeiro de muitos, Eureka!