R. A. Marut nasceu na Cidade do México
na década de 1940 e viajou por todo o mundo. Viveu em
diversas cidades, como Salvador no Brasil, Lisboa, Londres, Paris,
Nova Iorque, Milão, Roma, Bruxelas e muitas outras. Desde
2001 decidiu se dedicar à literatura de ficção
e viver num lugar distante de tudo, onde tem estado desde há
alguns anos, quase incomunicável. É então
que cria o conceito de "ficção applet: literatura
de baixo esforço, leitura fácil". Mas, cada
um dos seus fascinantes livros trás muitos enigmas, mesmo
filosóficos, para ser descobertos pelo leitor. Os seus
livros mais recentes, Habana e Torino-Grenoble-Versailles, confirmam
o reconhecimento do escritor, revelando personagens dignos de
Federico Fellini e tramas que prendem impiedosamente a atenção
do leitor.
Uma breve entrevista com R. A. Marut.
Quando começou a escrever livros
de ficção?
- Quando saí dos países ocidentais. Vivi boa parte
da minha vida neles. Mas, chegou um momento em que não
era mais possível. Então, decidi sair daquele universo.
Por que resolveu abandonar o ocidente?
- Porque tudo no ocidente passou a ser controle e vigilância.
Praticamente todos os ideais de liberdade e independência,
de amor e respeito, de fidelidade a alguém que amamos,
praticamente todos esses ideais se desintegraram. As pessoas
passaram a ser obrigadas a trazer consigo um documento de identidade,
sem o qual podem ser mandadas para a prisão! A palavra
não tem mais qualquer valor, e muitas pessoas chegam mesmo
a considerar que isso é bom... em nome da segurança.
Ninguém mais tem direito nem mesmo de pedir exames médicos
sem a autorização de uma autoridade! É uma
prisão, mas ninguém parece perceber. Não
há reação. As pessoas foram transformadas
em felizes presidiários. Mas, parece que estão
todas inebriadas com um consumo e um entretenimento contínuos.
Qual o seu pensamento para o futuro?
- O futuro é hoje. Aquilo que dizemos como "futuro"
é, em algum sentido, uma ilusão. Estou preocupado
e orientado para o que acontece aqui e agora. Todos nós
desapareceremos rapidamente, em poucas décadas, na melhor
das hipóteses. Tudo se desintegra. Mesmo aqueles pouquíssimos
que sobrevivem no seu nome, como Sócrates ou Platão,
por exemplo, nada mais são, hoje, que um insignificante
fragmento daquilo que foram. Só nos resta saber que nada
sabemos de Sócrates, tal como de Perrotin, de Leonin e
de tantas pessoas geniais. Tudo é uma grande ilusão.
Como poderia descrever os seus livros?
- São simples retratos da vida das pessoas de hoje e,
num certo sentido, também do futuro e do passado.
Você criou a chamada "literatura
de baixo esforço, fácil leitura", como aconteceu
isso?
- A "literatura de baixo esforço, fácil leitura"
é um retrato da sociedade de hoje. Posso dizer que aqueles
são retratos de pessoas de hoje... mas a construção
desses retratos é o retrato de hoje. Tudo é futilidade.
Mas, mesmo nela podemos encontrar incríveis segredos,
como sempre acontece. Como se fossem segredos que emergem delicadamente
num universo de futilidade. E todos nos identificamos, de alguma
forma, com esse universo de futilidade. Poucas pessoas se submetem
a um Dostoievisky por exemplo. Todos estão mergulhados
no universo da televisão, da Internet, onde tudo é
superficial. Esse é o mundo das pessoas. Mas, mesmo dentro
de algo de "baixo esforço", livre, rápido,
de "fácil leitura", pode existir algo interessante.
Comecei esse tipo de escrita pensando no tempo de hoje em que
milhões de pessoas percorrem voos de médio curso,
isto é: voos de apenas duas a três horas de duração.
A maior parte das pessoas que viaja em aviões faz esse
tipo de percurso. E são muitos milhões. Essas pessoas
são, também elas, de alguma forma, um retrato do
mundo. Assim, um romance, um livro, não poderia tomar
mais que duas a três horas de leitura. Na verdade, esse
tempo não é exato. Pode demorar um pouco mais.
Mas, é uma referência. Cada livro acontece num país
diferente, numa cultura diferente. Vivi em diferentes países
e isso torna o meu trabalho mais fácil. Há sempre
algo a ser descoberto pelo leitor. Mas, veja, não estou
querendo aproximar a literatura da poesia. Não estou interessado
em experiências, como alguns escritores fazem em relação
a James Joyce, por exemplo. Eles fazem um bom trabalho. Mas,
o meu é diferente. É literatura, e literatura é
história e comunicação. Literatura é
história - sublinho, insisto. É muito interessante
ver a reação das pessoas diante de algo que aparentemente
é estupidamente superficial, como a vida do dia-a-dia,
mas que subitamente vai revelando segredos, descobertas, que
têm de ser descobertos por cada um de nós. Essa
é, sem dúvida, uma das principais chaves da "literatura
de baixo esforço, fácil leitura".
Quais são os seus objetivos com
esses livros?
- Comunicar e ser uma porta para sonhos. Escrevo sobre o vazio.
Apenas isso. E é o vazio que revela descobertas.
Qual é o seu próximo livro?
- Espero que muitos. Sempre haverá um próximo.
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Ligalli
Um decrépito agente policial de
Los Angeles se vê subitamente envolvido num enigma envolvendo
Rudolf Nureyev, Merce Cunningham, John Cage e muitos outros.
De Los Angeles e Nova Iorque, tudo se transfere para a paradisíaca
ilha de Ligalli, na Costa Amalfitana, na Itália.
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sobre o livro
Netconmen (em inglês)
Marut reuniu cerca de vinte anos de cartas
e mensagens fraudulentas, também pela Internet. Verdadeiros
golpes mafiosos da África, Ásia, América
Latina, Estados Unidos e Europa. De forma surpreendentemente,
quando reunidas elas revelam não apenas muito da realidade
concreta do mundo em que vivemos mas também fazem emergir
um universo surrealista, como se histórias fantásticas
formassem um formidável caleidoscópio cultural.
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sobre o livro
As Barbatanas
do Alemão
Imagine um assassinato em Lisboa. Quem
será o culpado? Quais são as pistas entre os personagens
mais inesperados? Uma viagem através dos antigos bairros
lisboetas, e um final surpreendente. Uma inesquecível
aventura em vinte e quatro horas.
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sobre o livro
O Diamante
do Alemão
Um edifício localizado num dos mais
ricos bairros da megacidade de São Paulo é sequestrado
por um grupo de criminosos... ou serão seres extraterrestres?
Doze signos zodiacais, doze personalidades, doze personagens,
doze vítimas e doze algozes, doze horas e doze capítulos
tecendo uma inesquecível aventura na grande metrópole...
num único lugar.
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sobre o livro
DUX
Contada na primeira pessoa, Dux é
a enigmática história de uma vida inteira de uma
pessoa que nasceu com poderes extrassensoriais... mas, será
apenas essa pessoa a ter esses poderes? Um mundo tabu da magia
e do inexplicável.
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sobre o livro
Abraxás
- a Coruja de Fogo
Um homem é totalmente desintegrado
em pleno centro da cidade de Nova Iorque. O que acontece quando
tudo - até mesmo a identidade - dessa pessoa é
desintegrado? Uma viagem para ser acompanhada através
da Internet, localizando e investigando todos os lugares e obras
de arte em Manhattan.
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sobre o livro
O Fantasma
de Paris
Qual é o destino de uma pessoa solitária
em Paris? E se essa pessoa viver a busca de um amor. Um crime
foi cometido. Um assalto a um banco e um assassinato. Uma bela
mulher.
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sobre o livro
Delírio
e Fuga
Em pleno Festival Internacional de Cinema
de Cannes há um crime. Um filme é roubado! Quem
será o criminoso e quais as consequências desse
crime? Uma fuga percorrendo misteriosamente a história
do cinema e implicando o futuro de diferentes países.
Uma hilariante perseguição nos bastidores do celebrado
Festival Internacional de Cinema de Cannes, mergulhando em alguns
dos mais famosos momentos da história do cinema.
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sobre o livro
Narcisus
Um assassinato. Ficção científica
ou relato atual? Será homem ou mulher? Qual o seu nome?
Há algum nome no livro? Mas, há uma trama. E existirá
o tempo quando se conhece tudo e quando não existe mais
o pensamento individual? Num futuro onde tudo é conhecido,
mesmo o tempo verbal do texto é simultaneamente passado
e presente.
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A Guerra
da China
No coração de Sevilha, Espanha,
um dos seus mais antigos cidadãos se depara com a chegada
de um estranho personagem. A realidade de dois mundos em conflito?
O fim do mundo? Mas, qual será o verdadeiro mundo?
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Habana
Algo acontecerá num famoso restaurante
cubano na cidade de Miami, nos Estados Unidos. Mas, será
um atentado? Um crime isolado? Marut nos oferece uma trama inesquecível
ondes os mais inacreditáveis personagens se encontram.
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Torino
Grenoble Versailles
Uma viagem entre Milão e Paris recupera
a magia das antigas tramas de suspense nos trens, mas agora a
trezentos e cinquenta quilômetros por hora, envolvendo
personagens dignos de Federico Fellini. Mas, será uma
questão política? Qual a natureza do crime?
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sobre o livro
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